Há algum tempo, o mercado de novas tecnologias digitais tem investido de forma crescente na área educacional, seja no ensino regular ou corporativo. Prova disso são os diversos serviços, produtos e projetos que empresas como Microsoft, Intel, Dell, Telefônica, OLPC, Cisco e LG têm ofertado. Confira nos links ao final deste artigo algumas das ações desenvolvidas.
Acredito que a "preocupação" dessas empresas em atender, de forma personalizada, instituições de ensino deve-se à percepção das potencialidades de suas tecnologias para uso didático bem como do grande potencial de consumo que alunos e professores representam. Mas, a despeito dessa análise crítica, que deve contribuir para ficarmos alertas para o consumo de produtos e conceitos, vejo como necessário conhecer as inovações trazidas pelo mercado para então valer-nos delas de forma acertada, sempre no intuito de conquistar a educação por excelência que pretendemos. Por isso, gostaria de dividir com você algumas novidades voltadas à área educacional que foram apresentadas na Feira Internacional de Tecnologia Educacional (Interdidática), em São Paulo, no mês de maio deste ano.A Interdidática pode ser considerada uma das maiores feiras especializadas em tecnologia educacional do país. Neste ano, mais de 10 mil pessoas passaram pelo evento. A feira reúne diversas empresas do ramo e oferece palestras voltadas especificamente para essa temática. Entre os recursos tecnológicos expostos, destaco as seguintes novidades:
- Projetores de imagem: modelos com projeção de curta distância (alguns necessitam de apenas 46 centímetros), 3D ou interativos, que permitem ao usuário desenhar ou grifar como se fosse uma lousa digital.
- Sistemas de gerenciamento acadêmico: abrangem as rotinas de secretaria escolar, controle financeiro, laboratório de informática, controle de entrada e saída de alunos, entre outras. Para mim, o destaque são os sistemas de gerenciamento de computadores usados pelos alunos em sala de aula, sejam desktops ou laptops educacionais, pois esses sistemas prometem auxiliar o professor a acompanhar e administrar em tempo real todas as atividades desenvolvidas pelos alunos.
- Lousas digitais: com telas touch screen em aço cerâmico fundido, que, de acordo com seus representantes comerciais, não podem ser riscadas ou manchadas.
- Câmeras de digitalização de documentos impressos: capturam a imagem de fotos, textos ou objetos e a projetam em uma tela, que possibilita interação.
- Ambiente de Aprendizagem Virtual ou LMS: possibilita oferecer cursos on-line em dispositivos móveis, como smarthphones e tablets.
Exemplo de plataforma de curso a distância para dispositivos móveis. (Imagem: moodle.org/mod/forum/discuss.php?d=104599>)
- Laptops educacionais: de muitos modelos, desde os convencionais notebooks comerciais até os modelos com design próprio para crianças. Alguns deles apresentam tela touch screen, e outros têm a possiblidade de se transformar em tablet.
Modelos de laptops educacionais. (Imagem: classmatepc.com)
- Servidores para escolas:modelos projetados para diferentes tamanhos de escola. A grande novidade são os software de gerenciamento que administram desde os laptops dos alunos até serviços web de controle acadêmico.
- Software e hardware para simulações químicas e físicas: tecnologias mais complexas do que os kits Lego, por exemplo, direcionadas a alunos de cursos técnicos ou ensino superior.
- Entre as temáticas das palestras apresentadas no Fórum Internacional de Tecnologia Educacional, integrado à Interdidática, as que achei mais interessantes foram:
- Direcionamento das escolas na aprendizagem – liderança e mudança da dinâmica através da inovação tecnológica:De acordo com o pesquisador britânico Paul Lefrere, da Open University, a educação mundial está enfrentando o desafio de preparar alunos para um futuro inimaginável. Por isso, na opinião dele, as escolas precisarão aprender novas formas de gerenciamento administrativo e pedagógico, pois necessitarão de novas metas e visões. Elas deverão valorizar o desenvolvimento individual, a ética e o uso de recursos inovadores. White (p. 186) afirma que devemos buscar constantemente métodos aperfeiçoados para o ensino da Bíblia. Os princípios da Palavra de Deus, nosso guia seguro, são imutáveis; por isso, acredito que precisaremos realmente renovar as estratégias, mas de forma que não comprometa nossos princípios.
- Do projeto à aprendizagem – desenvolvendo um jogo com base na escola: Essa palestra foi proferida por Katie Salen, que é designer de jogos e educadora da escola Quest to Learn, de Nova York. O principal diferencial do projeto pedagógico dessa escola é uma proposta de resolução de problemas por meio de jogos.Os alunos são organizados em grupos nos quais desempenham diferentes papéis para a construção ou resolução de desafios por meio de jogos. Em muitos casos, os alunos desenvolvem jogos também para materializar suas respostas. Acredito sinceramente que o ensino deva ser dinâmico, criativo, atrativo e motivador, mas até que ponto as preferências dos alunos devem imperar? É claro que, ao desenvolver um jogo, deverá haver esforço e dificuldades, mas lembremos que a Bíblia nos chama a ensinar “a criança no caminho em que deve andar” (Provérbios 22:6).
- Tecnologia móvel e redes sociais integradas na educação: Érico Almeida, especialista em Tecnologias da Informação pela FASP e colaborador da Blackboard Inc., destacou que o uso de smarthphones e tablets associados a redes sociais trata-se de uma tendência para atender a atual geração de alunos, principalmente os universitários. Justificou afirmando que “o corpo docente deve usar a linguagem dos alunos, para atendê-los mais rápido; portanto, o tratamento dispensado deve ser digital e tecnológico, não apenas leitura e escrita”. Achei a proposta inovadora e realmente correlacionada aos interesses dos alunos, mas acredito que um projeto como esse precise ser estruturado de forma consciente e equilibrada. Deve-se conhecer o potencial das ferramentas tecnológicas, mas também deve haver uma conscientização séria de alunos e professores sobre a necessidade de uma ensino que não seja superficial ou espontaneísta.
- O futuro da aprendizagem – como a rede mainstream mudará os espaços na aprendizagem: O professor Dr. Yves Punie, do Institute for Perspective Technological Studies, na Espanha, apresentou algumas conclusões de um estudo sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação nas escolas públicas da Europa.Destacou que: os professores usam o computador ou a internet para preparar suas aulas, mas o usam muito pouco com os alunos em sala de aula; os docentes acreditam que o uso dessas tecnologias poderá melhorar a qualidade do ensino, mas ainda se mostram inseguros quanto ao uso de tecnologias móveis. No entanto, frisou que a atual conjuntura social tem determinado mudanças “no que aprender, no como aprender, onde aprender e quando aprender”.A partir dessa análise, destacou que um processo significativo de formação de docentes precisa ocorrer. Relacionou esse panorama ao fato de que demandas sociais têm exigido um ensino mais personalizado, flexível e colaborativo, que integre conhecimentos formais e informais adaptados às necessidades dos estudantes, novas formas de avalição e currículos baseados em competências. E finalmente alertou que, em muitos casos, a crescente integração de recursos tecnológicos nas escolas não têm significado mudanças na forma de ensinar.
FONTE EDUCAÇÃO ADVENTISTA
Por Maximiliana Batista Ferraz dos Santos - 27/06/2011
17:41 |
Category:
Novas tecnologias digitais para a educação
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